"O Amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo"

(Mahatma Gandhi)







sexta-feira, 19 de junho de 2015

A arte de reconhecer
Que tudo o que precisa
Já está dentro de você

Dança, menina, dança. Eleva os braços ao alto, e quando os trouxer de volta, deixe cair os laços que te prendem.
Esperança, a vida é cheia de idas e vindas, de encontros e despedidas, como o seu olhar cruza a lua nas noites de cheia e depois volta ao mundo vasto, calado.
Dança, menina, dança. Rememora os bons momentos e grava o que valhe a pena, marca no seu corpo o que te fez chorar e gozar, marca no seu corpo o aprendizado pra continuar a dançar.
Mas deixa o seu corpo seguir, confia. A pose que ficou tão boa é só fração de toda a dança, do seu corpo que te guia.
Então levanta. Corre atrás do vento, brinca com os passarinhos, com os bichos que te espreitam, com os vieses que te enleiam.
E que suas lágrimas e seus sorrisos sejam fluidos como o lago que ora corre, como seus braços que agora escorrem. Que o seu guia seja o não sei quê que vem de dentro, a luz que você guarda no peito.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Considerações sobre a semana dos namorados

Sobre precisar ter alguém

Na semana "dos namorados", as lojas e as propagandas veiculadas estão cheias de imagens de casais perfeitos e de sugestões de romantismo. Quem namora sente a angústia de precisar corresponder às expectativas do outro, com presentes, com palavras, com encontros, se pergunta se vai receber aquilo que deseja; quem não namora sente a angústia de estar sozinho, de não ter quem beijar ou pra quem comprar um presente.
Não vou criticar o capitalismo fora de nós, mas queria voltar a atenção pra esse buraco que grita em nosso estômago. Por que precisar de alguém? Por que estar sozinho é ruim, e por que ter alguém é bom? Quantos casais você conhece os quais possuem relacionamentos saudáveis e afeto genuíno? Quero dizer, quantos relacionamentos construídos com base no respeito mútuo, na apreciação mútua e no carinho mútuo? Quanto interesse há, de fato, na pessoa real do outro e quanto um está apenas à procura de suprir suas carências (emocionais, sexuais, financeiras, etc) no outro? Por que vemos tantas pessoas "namorando por namorar", "ficando por ficar"? Isso significa dizer que o outro, aquele com quem eu me relaciono, é apenas um objeto que satisfaz as minhas necessidades imediatas.
O importante, aqui, é pensar na razão pela qual estou com o outro, e lembrar que preciso pertencer a mim mesmo antes de ter condições de compartilhar um relacionamento amoroso. Pertencer a mim mesmo é estar bem acomodado dentro de mim, gostar da minha própria companhia, cuidar de mim. Não é egoísmo, é prerrogativa pra não ser tirano.


Sobre o amor fácil

Tanta expectativa, tanta cobrança, tanto egoísmo. Tenho lido textos que reforçam o pensamento de que o amor precisa ser fácil, como aquelas frases que as pessoas escrevem dizendo que só se importam com quem se importa com elas, que tratam o outro assim como são tratadas. Sem contar as publicações requintadas de sabedoria afirmando que devemos escolher quem não tem problemas, quem nos ama "de graça".
Ora, é assim no trabalho, na vida? Eu devo escolher só o que é fácil?
Se não é assim na vida, por que deveria ser nas relações? E se não é nas relações em geral, por que deveria ser no âmbito do romântico?
Ah, porque não queremos sofrer... Não merecemos. Não merecemos sofrer a angústia de não ter o que queremos. Por isso aguentamos o chefe autoritário e o trabalho que frustra, mas não suportamos querer um novo celular e não comprar, desejar uma roupa nova e não vestir. E porque no mundo íntimo ficamos expostos em carne viva, não suportamos se não tivermos a certeza da reciprocidade. Justo, quem não quer reciprocidade? No entanto, quem está disposto a construir, a expor a carne viva sem garantias, sem certezas do que virá?
Valorizar a mim mesmo e saber quando o outro me desrespeita e me desconsidera, respeitar os meus próprios limites, isso é amor próprio. Mas exigir que o outro sempre me dê aquilo que eu desejo, da forma como eu desejo, quando eu desejo, isso é egoísmo e imaturidade.
Meus avós me ensinaram que o amor tem a ver com paciência.


Sobre estar em um relacionamento

Estar com alguém em uma relação íntima deveria ser sinônimo de compartilhamento, crescimento, compreensão, e como mencionado acima, respeito, afeto e apreciação mútuos. Estar com alguém é oportunidade ímpar de crescimento pessoal, porque é em uma relação íntima com o outro que as minhas crenças, feridas, dificuldades e forças são postas à prova; na relação com o outro sou forçado a sair da minha zona de conforto, a tentar olhar e compreender com profundidade um universo diferente do meu, a andar ao lado de alguém que me desperta sentimentos diversos e que me traz constantes desafios.
Mas estar com alguém não é fácil, é muitas vezes doloroso. É muito comum que eu projete no outro os meus conteúdos, e que comece a confundir, por carência e imaturidade, o que é meu e o que não é. E então nascem os ciúmes, as frustrações, a raiva, as mágoas... Acontece de eu não conseguir lidar com o diferente... Mas tudo isso porque eu não consigo lidar comigo, e muitas vezes o outro me força, me obriga a olhar pra tudo em mim que eu não suporto ver.
Relacionamento não tem manual de instruções, não tem certo ou errado, não é possível generalizar. Mas relacionamento precisa de alguns ingredientes pra durar, dentre os quais suponho serem a paciência, a persistência, o afeto sincero, a vontade de compreender a si e ao outro, e a busca pela melhora.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

The moon - A lua

And when the moon shines amongst the clouds, let it also enlighten our very shadow
E quando a lua brilhar por entre as nuvens
Que ela também esclareça nossa própria sombra