Vejo que os corações andam
endurecidos. Parece que aprendemos a nos esconder sob uma máscara de uma
suposta racionalidade distante. Esta serviria, talvez, para amortecer as quedas
que um coração aberto sofre no início de sua abertura, mas no fim ela acaba por
impedir a própria vivência do amor. É debaixo dessa máscara que nos protegemos
dos carinhos sinceros, das preocupações legítimas, dos pedidos de socorro, das
dores da injustiça; assim podemos continuar marchando à busca de um algo que
não sabemos muito bem o que é, mas que esperamos que um dia chegue. Talvez seja
a segurança financeira, talvez o sucesso profissional, talvez seja mesmo um estado
interior de paz, quando finalmente nos sentiremos seguros para amar.
Não acho que seja possível para
nós, meros mortais, chegar a este estado interior de paz sem que passemos pelo aprendizado
do amor verdadeiro nas relações com os mais íntimos. Não falo apenas de
relacionamentos afetivo-sexuais, apesar de pensar que sejam os que mais
intensamente permitam o aprendizado, mas de qualquer relacionamento: abrir o
coração para o amor nas relações entre pais e filhos, irmãos, amigos e, claro,
amantes.
Para começar, por que não abrir
os olhos e o coração para receber um mundo diferente, desconhecido? Abrir os
olhos e o coração para receber esse mundo o quanto ele próprio estiver disposto
a se mostrar, sem julgamentos, classificações ou pretensões. Olhar o outro e
reconhecer o outro como ele é, o quanto ele estiver disposto a mostrar e o
quanto pudermos captar.
Há muitas dores e nós a serem
enfrentados e desfeitos antes de podermos ser capazes de experimentar o amor
mais plenamente. Amar e ser amado dói, apesar de a carência afetiva provocar
tantas tempestades e tão comumente; é que é mais fácil dar e conseguir uma dose
sintética e rápida de amor, que mantém o sangue aquecido, do que se dar ao
trabalho de construir, com paciência, persistência e força de vontade, uma
abertura que mexe profundamente com a gente.
O amor faz com que sejamos mais compreensivos e tolerantes. A discriminação por conta de orientação sexual, orientação política, etnia, gênero, etc fica no passado! Imagino que porque pessoas amorosas estejam menos propensas a projetar o mal nos outros.
O amor faz com que sejamos mais compreensivos e tolerantes. A discriminação por conta de orientação sexual, orientação política, etnia, gênero, etc fica no passado! Imagino que porque pessoas amorosas estejam menos propensas a projetar o mal nos outros.
Acredito que haja tempo para tudo
nessa vida! Mas que possamos dar e receber mais amor, olhar com olhos mais
amorosos o mundo e os mundos dos outros, enquanto vamos lentamente desfazendo os
nós profundos que nos impedem de amar mais.
Namastê!