"O Amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no mundo"

(Mahatma Gandhi)







segunda-feira, 4 de julho de 2016

Rascunho de Mariana II

Ela tinha uma certeza - vinda do futuro, alguns diriam da fé - de que tudo passaria. Não aquelas angústias fora de controle - porque essas já tinham passado, ao menos por agora -, mas a dor de enxergar algumas das barreiras que havia construído em seu caminho e não ter possibilidade alguma de transpô-las. Mariana sentia que seria possível, e que daria muito trabalho, desconstruir aquilo tudo. Mas estava paralisada. Tinha até uma ideia de por onde começar, mas o medo não deixava. Havia uma certa teimosia em sua recusa a começar o trabalho: é que, de fato, era ali que ela ainda estava confortável.

Rascunho de Mariana

Mariana precisava, e provavelmente sempre precisaria, daquele momento de plena liberdade em si mesma, quando podia ser a única hóspede em sua mente e em seu coração. Precisava se distanciar e estar consigo, apenas.
Naquela noite havia o farfalhar das folhas quase secas, prestes a cair das árvores, e havia também o barulho de um chuvisco intermitente. Mariana respira. Respira mais uma vez. Acha bom que não tenha mais as urgências de seus vinte anos, e que respirar seja parte de seu ritual diário e não um tratamento de emergência para suas crises de abstinência de amor.